por Fernando Mantovani
Já faz um tempo que a sensação de felicidade dos profissionais no trabalho está relacionada a fatores que vão além de questões financeiras, como ter orgulho da organização, ser tratado com igualdade e respeito e se sentir valorizado pelo que faz. Mas isso não quer dizer que o salário e os benefícios não sejam importantes. Afinal, todos nós, no final do dia, do mês e ao longo da vida, temos necessidades materiais que também contribuem para o nosso sentido de realização.
E é no começo do ano, quando chegam aquelas habituais faturas do período, que muitas pessoas se dão conta de que, talvez, não estejam recebendo o salário que merecem ou desejam. O tema é bastante sensível, mas, com uma boa dose de bom senso, é possível abordá-lo com o gestor. Recomendo oito estratégias:
Guia Salarial da Robert Half: No guia você encontra a mais completa pesquisa salarial e um estudo sobre tendências de contratação no mercado brasileiro.
Antes de partir para qualquer conversa sobre aumento salarial, pesquise como está a situação financeira da empresa e o mercado de atuação. Avalie ainda como anda o clima organizacional, a sua reputação na companhia, suas qualificações com relação à função que desempenha e sua remuneração, com relação à praticada no mercado.
Ao avaliar esse último item que citei, vale considerar estudos como o Guia Salarial da Robert Half. Um colaborador que solicite aumento salarial em um momento inadequado, além de ter mais chances de receber uma negativa, ainda tende a passar a impressão de ser uma pessoa desatenta, ou que não tem a visão do todo das situações.
Se você fez esse mapeamento e acredita que o momento é propício, chame o gestor para uma conversa franca. Prefira agendar, para evitar surpreendê-lo em um momento inapropriado.
Sempre acredito que um bom olho no olho, ainda que seja virtualmente, é a melhor forma de resolver questões pessoais e profissionais, das mais simples às mais complexas.
Até que o encontro aconteça, evite pulverizar sua insatisfação com os colegas de trabalho ou deixar que seu desânimo interfira na qualidade das suas entregas.
A recomendação é que a justificativa tenha como base o mérito, e não questões pessoais. Dessa forma, evite dizer que precisa de aumento porque trocou de carro, casou, teve um filho ou saiu da casa dos pais.
O ideal é que você estruture o argumento com base em suas habilidades técnicas e comportamentais, além do seu desenvolvimento na organização e suas contribuições positivas para o negócio. De preferência, com dados e fatos.
Nesse bate-papo, pode acontecer de você não conseguir de cara o que deseja. É possível que o seu gestor imponha algumas condições para conceder o aumento que você quer. Também pode acontecer de ele oferecer outros benefícios para compensar o aumento salarial desejado. Os rumos da conversa podem variar bastante. Aqui, reforço a importância de manter a conversa em um tom amigável. Assim, você terá um ambiente mais propício para pedir um tempo para refletir sobre a proposta, se for o caso.
A conversa deve ser mantida em um tom profissional e maduro, totalmente focada no seu mérito, que deve ter como base suas entregas e conquistas.
Faço este lembrete para destacar que não costuma ser bem-sucedido o profissional que pede um aumento alegando que já tem uma proposta da concorrência ou que, caso receba uma negativa, vai começar a enviar currículos.
O que você pode fazer diante de um “não” é, com educação e bom senso, questionar o motivo e, dependendo do retorno, perguntar quando o gestor acredita que vocês podem voltar a conversar sobre o assunto.
Seu gestor não precisa dar um retorno imediato para seu pedido. Ele pode pedir um tempo para avaliar o que vocês conversaram. Porém, é direito seu tentar agendar uma data para que voltem a conversar sobre o tema.
Agora, caso a resposta – positiva ou negativa – do seu gestor demore a chegar, mesmo após algumas gentis tentativas, talvez seja uma mensagem clara do seu futuro na empresa.
Nesse caso, recomendo que você considere se abrir para avaliar as oportunidades existentes no mercado e a sua valorização nele.
Em funções com escassez de profissionais de talento, em geral, as empresas estão mais dispostas a pagar mais para ter o perfil desejado. O Guia Salarial da Robert Half traz boas informações sobre isso.
Nele, ano a ano, é possível ter acesso aos cargos em alta e as habilidades técnicas e comportamentais demandadas pelas organizações, além das médias salariais dessas funções.
Com esses dados em mãos, você pode readequar os próximos passos do seu plano de carreira, para alcançar a remuneração desejada de uma forma mais estruturada.
Como garantir a empregabilidade e salários mais justos? Assuma o comando do seu desenvolvimento profissional, entenda que você é o seu maior projeto. Lembra que, na semana passada, eu falei sobre a importância da educação continuada? É esse tema que trago novamente neste tópico. Na prática, isso quer dizer: de tempos em tempos, avalie a necessidade de aprimorar ou desenvolver habilidades e qualificações. Acredite, pode ser muito frustrante perder uma oportunidade de trabalho por falta de preparo.
O assunto “negociação salarial” pode ser bastante delicado. Por isso, você tem de se cercar de argumentos fortes, que demonstrem o quanto você já contribuiu para a organização e o quanto ainda tem a agregar, e que também lembrem, para você mesmo, do seu real valor. Assim, você terá mais recursos internos para tomar as melhores decisões.
* Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul
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